domingo, 7 de julho de 2013

Tocará a alma de quem escreve de verdade...

imagem da internet

Oi pessoal! 
Simplesmente Perfeito.

    Encontrei no site A magia da poesia, este poema de Charles Bukowski, e percebi que não são todos os escritores que tem coragem de dizer o que sentem ao escrever, as vezes preferem falar dos sentimentos alheios ou falar de sentimentos fictícios, ou simplesmente montam seus textos. Estive em contato com amigos que escrevem da maneira expressada por Charles, eles ficam horas procurando palavras, as palavras não brotam de dentro, um dia desses estava reunida com um grupo de amigos, matando saudades da adolecência, quando percebi um deles entretido com o teclado, fazendo uns versos, me aproximei mais para xeretar e ele sabendo que também gosto de escrever me perguntou, que palavra rima com angustia.
    Disse que para responder teria que ler tudo, pois dependia do contexto todo sobre o que ele estava escrevendo e não somente achar uma palavra com fonética semelhante.
    Ele deu de ombros e foi pesquisar palavras no google, escolheu uma que agradou e pronto.
    Até ler esse poema a atitude do meu amigo havia me causado uma leve indignação, mas que sumiu depois de uns instantes entretida com a conversa do grupo, agora parei para refletir a cena em camêra lenta sob a visão das palavras do poema e o que posso fazer, depois dessa reflexão é agradecer do fundo do meu coração  por ter sido escolhida.
    Pois tenho a humildade de reconhecer que muito do que escrevo não segue a norma culta, as vezes se perde um pouco em concordâncias erradas, mas tudo vem tão explosivamente de dentro e em momentos não escolhidos por mim, que os dedos se cansam no teclado ou entorno do lápis para acompanhar a mente.
   Se você gosta de escrever, e também sente que isso tudo vem de sabe-se lá onde perdido entre os seus sentimentos, vai entender porque esse poema que segue abaixo mexeu tanto comigo. Tem link do site citado para quem gosta de poesia, gostei da página, é bem organizada.
Beijo a todos.

 Então queres ser um escritor?

se não sair de ti explodindo
apesar de tudo,
não o faças.
a menos que saia sem perguntar do teu
coração e da tua cabeça e da tua boca
e das tuas entranhas,
não o faças.
se tens que sentar por horas
olhando a tela do teu computador
ou curvado sobre a tua
máquina de escrever
procurando palavras,
não o faças.
se o fazes por dinheiro ou
fama,
não o faças.
se o fazes porque queres
mulheres na tua cama,
não o faças.
se tens que te sentar e
reescrever uma e outra vez,
não o faças.
se dá trabalho só pensar em fazê-lo,
não o faças.
se tentas escrever como algum outro escreveu,
não o faças.
se tens que esperar para que saia de ti
a gritar,
então espera pacientemente.
se nunca sair de ti a gritar,
faz outra coisa.
se tens que o ler primeiro à tua mulher
ou namorada ou namorado
ou pais ou a quem quer que seja,
não estás pronto.
não sejas como muitos escritores,
não sejas como milhares de
pessoas que se consideram escritores,
não sejas estúpido nem enfadonho e
pedante, não te consumas com auto-
-devoção.
as bibliotecas de todo o mundo têm
bocejado até
adormecer
com os da tua espécie.
não sejas mais um.
não o faças.
a menos que saia da
tua alma como um míssil,
a menos que o estar parado
te leve à loucura ou
ao suicídio ou homicídio,
não o faças.
a menos que o sol dentro de ti
te esteja a queimar as tripas,
não o faças.
quando chegar mesmo a altura,
e se foste escolhido,
vai acontecer
por si só e continuará a acontecer
até que tu morras ou morra em ti.
não há outra forma.
e nunca houve.
(Charles Bukowski)
(tradução livre de Fabio Rocha em 20 de abril de 2013, baseada no original em inglês)

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