terça-feira, 11 de junho de 2013

Lembranças de quando ouvia histórias







 Rosa branca e Rosa vermelha

    Era uma vez uma pobre viúva que morava numa casinha muito pequenininha, na floresta. Na frente da casinha havia duas roseiras; uma sempre dava rosas brancas e a outra dava rosas vermelhas. A viúva tinha duas filhas, que eram lindas como as roseiras, e os nomes delas eram Rosa Branca e Rosa Vermelha. Eram as meninas mais meigas e boazinhas que se possa imaginar!
    Rosa Branca tinha cabelos louros e longos, e doces olhos azuis, enquanto Rosa Vermelha tinha cabelos negros e ondulados, olhos castanhos muito vivos e uma linda pele acetinada. As duas meninas eram muito amigas e andavam sempre juntas.
    Rosa Vermelha adorava correr pelos campos, colhendo flores, enquanto Rosa Branca preferia ajudar a mãe em casa. Mas costumavam passear juntas, de mãos dadas, pela floresta.
    Embora elas as vezes se afastassem de casa, embrenhando-se pela floresta , à procura de amoras silvestres, nenhum animal selvagem lhes fazia qualquer mal. Em vez disso, eles se aproximavam das irmãs como se adivinhassem que Rosa Branca e Rosa Vermelha seriam sempre boas para eles. A pequenina lebre  marrom, geralmente muito timida, comia em suas mãos, e as corças e veadinhos pastavam tranquilamente ao lado delas, enquanto, no alto das arvores, os pássaros cantavam para agradá-las.
    Durante o inverno, mãe e filhas costumavam reunir-se em frente a lareira. Algumas vezes, depois de terminarem seus trabalhos, asas irmãs reavivavam o fogo e traziam suas rocas para perto, enquanto a mãe lia para elas lindas histórias.
    Uma noite em que fazia muito frio e a floresta estava coberta pela neve, a família estava sentada confortavelmente ao lado do fogo. Uma pombinha branca, que elas tinham encontrado perdida na floresta, aninhava-se no colo de Rosa Branca, a cabecinha escondida entre as asas. Um carneirinho, que elas haviam trazido dos montes próximos, dormia tranquilamente ao lado do fogo.
    De repente escutaram batidas fortes na porta da frente.
_Abra a porta Rosa Vermelha _ disse a mãe.
     A menina obedeceu e puxou os ferrolhos, pensando que deveria ser algum viajante perdido no meio da nevasca.
    Então ela deu um grito! Pois, em vez do viajante que ela esperava ver na soleira da porta, lá estava um urso enorme e assustador! O carneiro começou a balir, a pombinha a voar em circulos. Rosa Branca agarrou a mão da irmã, e as duas correram para perto da mãe.
_Não tenham receio_ disse o urso._Eu não vou machucar vocês. Estou meio congelado de tanto frio! Posso me esquentar um pouco?
_Oh, pobre urso!_ exclamou a mãe._ Entre e fique perto do fogo. Mas tenha cuidado para não queimar o pêlo.
    O urso então entrou e deitou-se ao lado da lareira, perto do carneirinho, que deu um balido de boas vindas.
_Não precisam ter medo, Rosa Branca e Rosa Vermelha_disse a mãe_Ourso não fará nenhum mal a vocês. Está se vendo que ele é uma criatura bondosa e sincera.
    Então as duas meninas se aproximaram do enorme urso, que lhes pediu que escovassem seu pêlo, a fim de tirar a neve. Elas foram buscar uma escova e o escovaram até ele ficar seco e fofinho outra vez. Depois, a fera acomodou-se em frente ao fogo crepitante e rosnou satisfeita. Rosa Branca e Rosa Vermelha esqueceram-se do medo e começaram a brincar com ele, como se ele fosse um cachorro grande. Rolavam com ele de um lado para outro, e, se por acaso ele rosnava, elas não se assustavam, mais riam.
    O urso gostou muito da brincadeira, mas de repente quando elas estavam muito animadas, ele murmurou docemente:
_Oh, não me matem por favor, Que vão matar um grande amor!
    Finalmente a mãe apagou o fogo e mandou as meninas para a cama. Soprou a vela e deu boa noite ao urso,dizendo-lhe que podia dormir ali perto da lareira até o amanhecer.
    Logo que o dia clareou, o urso se mostrou ansioso para partir. As duas irmãs se despediram dele e ficaram olhando até que ele desaparecesse na floresta, deixando as marcas de suas gigantescas patas na neve.
    Todas as noites daquele inverno, à mesma hora, o urso batia na porta, exatamente como havia feito na primeira noite. As meninas escovavam seu pêlo até que secasse e brincavam com ele. Depois, ele dormia do lado da lareira até a manhã seguinte.
    A família ficou tão acostumada com o urso, que não trancava mais a porta à noite, até que seu amigo chegasse.
    Finalmente, veio a primavera, e mais uma vez o sol aqueceu a terra, derretendo a neve e o gelo. As arvores na floresta começaram a se tornar verdes novamente, e uma bela manhã o urso falou a Rosa Branca:
_Agora eu preciso partir, e não voltarei antes do fim do verão.
_Oh, querido urso! Fique aqui conosco! Pediu Rosa Branca, que agora gostava muito dele._Para onde você vai?
_ Tenho que ficar na floresta, para guardar os meus tesouros_ disse ele._Alguns anões que vocês podem encontrar na floresta são bons, mas outros são mesquinhos e maus, e alguns são até ladrões.
_E eles não roubam no inverno?_ Perguntou Rosa Vermelha.
_Não. Antes que o inverno chegue eles vão para baixo da terra e lá ficam, protegidos do frio e bem quentinhos, até que o sol da primavera brilhe novamente. Aí então nada está seguro, pois o que os anões roubam nunca mais se encontra.
    Rosa Branca e Rosa Vermelha ficarm muito tristes ao ver seu amigo partindo, mas ele parecia estar com muita pressa. Enquanto destrancavam a porta, um punhado do pêlo dele ficou enroscado no trinco, e elas viram, por um momento, um brilho dourado por baixo do grosso pêlo que o envolvia. Mas o urso não olhou para trás. Apressadamente correu para a floresta, e logo elas o perderam de vista.
    Durante o longo inverno a família havia gasto todo o seu estoque de lenha, e por isso as meninas foram até a floresta para apanhar mais gravetos. Enquanto caminhavam, iam recolhendo o que encontravam, colocando tudo numa pequena carreta. Subitamente, viramque uma gigantesca arvore estava caida no meio do mato, e que alguma coisa estava pulando ao lado. A principio não conseguiram ver o que era. Pensaram que fosse um esquilo, mas logo descobriram que era um anãozinho! Ele tinha uma baraba branca muito comprida,chegando até o chão e um rosto muito feio e todo enrugado. Rosa Branca viu que sua baraba tinha ficado presa embaixo da arvore, e que ele pulava como um cachorro preso a corrente. Quando ele viu as meninas, gritou:
_Não fiquem ai paradas como idiotas! Venham me ajudar!
_ O que aconteceu homenzinho?_perguntou Rosa Vermelha.
_ Sua tola!_ gritou o anão._Eu estava tentando cortar a arvore para conseguir lenha para o meu fogo, mas o chão estava tão escorregadio que a cunha escapou. E prendeu a minha linda Barba! Não riam de mim suas bobas. Tirem-me daqui!
_Vou procurar ajuda _ disse Rosa Vermelha.
_ Não há tempo_ disse o anão, muito irritado._ Faça alguma coisa, menina boba!
_ Não fique assim tão impaciente _ pediu Rosa Branca_vou ajudá-lo.
    Pegou uma ttesourinha do bolso do avental e cortou a pontinha da barba do anão. Logo que ele se viu livre, agarrou uma sacola cheia de ouro que estava escondida no meio das raizes da arvore, e foi embora resmungando consigo mesmo:
_ Meninas idiotas! Ousaram cortar a minha magnífica barba!
    E lá se foi o anão, sem uma palavra de agradecimento pela ajuda que elas lhe haviam dado.
    Alguns dias depois, Rosa Branca e Rosa Vermelha foram até o riacho pescar um peixe para o jantar. Quando chegaram perto, viram que a água estava agitada e que alguma coisa, parecendo mais um gafanhoto gigante, pulava para cima e para baixo da margem. Correram curiosas, e descobriram que era o anão que elas tinham ajudado poucos dias antes.
_ O que está fazendo?_ perguntou Rosa Branca._ Vai pular na água? Cuidado que a água é muito funda neste lugar!
_Será que não percebe, menina desprezível?_berrou o anão, muito irritado._ Este peixe idiota está tentando me arrastar para a água!
    Segurando a ponta da barba, que estava debaixo da água, o anão explicou que estava sentado na beira do rio, pescando, quando um golpe de vento embaraçou sua barba na linha de pesca, bem no instante em que um peixe mordeu a isca. O peixe puxava numa direção eo anão puxava em outra. Depois de muita luta, o anão estava começando a ficar esgotado. Logo seria arrastado ribeirão abaixo.
    As meninas viam o anão se agarrar a cada matinho, mas mesmo assim ele não conseguia escapar.  Então as duas o seguraram  com força e tentaram desprender a barba do anzol e da linha, mas ela estavamuito emaranhada. Não havia outra coisa a fazer senão cortar a barba mais uma vez.
    Com uma tesourada rápida, Rosa Branca libertou o anão.
_Menina miserável! _ berrou ele._Você desfigurou o meu rosto! Olhe só o estado em que estou. Primeiro corta a ponta da minha barba e agora mais da metade! Todos os outros anões vão rir demim. OH! OH!OH!_ e bateu os minúsculos pezinhos no chão, cheio de ódio.
    Depois, o homenzinho curvou-se e apanhou um ssaco cheio de pérolas que estavam no meio do mato. Pôs o saco nas costas e foi embora sem uma palavra de agradecimento.
    Algum tempo depois, a mãe das meninas mandou que elas fossem à cidade para comprar agulhas, linhas, rendas e fitas. A estrada passava por um campo cheio de seixos, alguns muito grandes. Enquanto elas caminhavam, viram um enorme pássaro voando em circulos, sobre o campo. Depois ele foi descendo devagar, até que pousou numa rocha não muito distante. Logo em seguida, as duas escutaram um grito estridente e assustador e correram para ver o que era.
    Para se horror, viram que o enorme pássaro tinha agarrado o anão entre as suas garras e que ia levantar vôo. As bondosas meninas correram e agarraram o anãozinho, lutando com todas as suas forças contra o enorme pássaro, que batia as asas ameaçadoramente,tentando livrar-se delas. Finalmente, conseguiram assustar a ave, e mais uma vez o anãozinho estava livre.
_Suas desajeitadas!_ berrou o ingrato._ Não podiam ter tido mais cuidado? Olhem só como estão as minhas lindas roupas! Todas estragadas! Suas idiotas!
    Pegando um saco cheio de pedras preciosas, sumiu entre as pedras, entrando numa caverna.
    As duas irmãs sorriram, não se importando com a grosseria dele, e seguiram para a cidade. De volta para casa, passaram novamente pelo campo e ficaram surpresas ao ver o anão espalhando suas pedras preciosas pelo chão. Certamente ele não pensara que alguém passaria por ali aquela hora, pois era quase noite.  O sol poente batia nas jóias, fazendo  com que brilhassem e cintilassem tão esplendidamente que as duas pararam para apreciar.
_O que estão olhando?_perguntou o anão com voz esganiçada, o rosto transtornado pelo ódio._Sumam daqui!_ berrou levantando os punhos ameaçadoramente para elas.
    Nesse instante, um rugido ecoou pelo campo,  e imediatamente apareceu um gigantesco urso,vindo do meio da floresta. O anão deu um salto de tanto pavor, mas não teve tempo de fugir. Antes que pudesse dar um passo, o urso estava sobre ele.
_Por favor, senhor urso tenha piedade!_ implorou ele._Eu lhe darei todos os meus tesouros. Olhesó estas lindas pedras preciosas, aqui no chão. Não me mate! Agarre essas duas meninas macias. Elas serão uma comida muito mais gostosa do que eu! Por piedade!
    O urso ficou parado enquanto o anão falava, depois deu um urro formidável , ficou de pé nas patas traseiras  e deu um tapa na cabeça do anão. O terrivel anãozinho morreu ali mesmo.
    Muito assustadas, as meninas saíram correndo, mas o urso chamou:
_ Rosa Branca! Rosa Vermelha! Esperem! Não tenham medo, não vou machucar vocês.
    Elas se viraram e viram que era o mesmo urso que já conheciam, e correram para ele, dando gritinhos de alegria. Subitamente, a pele do urso caiu ao chão, e diante delasestava um lindo rapaz, vestido com roupas douradas.
_Sou o filho do Rei_ explicou ele _ e fui enfeitiçado por aquele malvado anãozinho. Ele roubou todo o meu tesouro, e fui condenado a vagar pela floresta como um urso selvagem, até que sua morte me libertasse, finalmente. Agora o encanto foi quebrado e estou livre. Mas eu teria morrido durante inverno se vocês não fossem tão boas para mim.
    Logo os três se dirigiram até a choupana da floresta, para contar a mãe das meninas o que tinha acontecido. O principe precisava voltar para junto do pai, mas prometeu que viria visitá-las.
    Quando voltou trouxe seu irmão mais novo, que era tão belo quanto ele. O principe pediu a Rosa Branca para se casar com ele, e seu irmão pediu a Rosa Vermelha em casamento.
    Os dois casais felizes foram então morar no palácio real, levando com eles o tesouro do anão. A mãe das meninas, naturalmente, também foi, e levou com elas as duas rodeiras.
    Plantou-as bem debaixo da janela de seu quarto, e elas continuam florescendo todos os anos. Uma fica coberta de rosas brancas e a outra, de rosas vermelhas.



Espero que gostem, desculpe por algum erro na hora de digitar, deixo com vocês um tesouro resgatado da minha infância.

Beijos carinhosos ...Bianca Dias... 

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